https://public-rf-upload.minhawebradio.net/2807/slider/9eb86ad631c8662382051e66887cdaf1.png
Márcio Nagô
27/08/2020 18:29 em Novidades

O singular ‘sambaião’ de Márcio Nagô

O samba feito em Minas Gerais tem particularidades marcantes, uma vez que desde suas primeiras criações sempre esteve influenciado por outras expressões musicais, sejam elas da região das montanhas ou vindas do Nordeste. Misturas sutis que tornam o samba mineiro distinto daquele que se faz no Rio de Janeiro ou na Bahia. Essa singularidade do samba mineiro pode ser apreciada no trabalho do cantor e compositor Márcio Nagô, sambista que trafega também com notável habilidade pelo baião, o xote, a toada e a bossa nova. Mas prefere definir seu trabalho de forma mais poética e sonora: “Eu faço é sambaião”, ele diz, com graça. Isso porque além dos grandes nomes do samba (Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Jorge Aragão), Márcio Nagô é fã incondicional de Luiz Gonzaga e de outros ilustres nordestinos, como o acordeonista Sivuca. E sua obra autoral vem sendo construída na miscigenação dessas expressões musicais.

Exuberância criativa em Flor de Laranjeira

Terceiro disco de sua carreira, Flor de Laranjeira marca o ponto de maturidade de Márcio Nagô, como compositor e intérprete e também como autor completo de uma obra, já que participou ativamente de todo o processo de produção do CD, da concepção das músicas às gravações. “Flor de Laranjeira é um trabalho com a minha cara. Atuei em todos os momentos, da análise das canções, da conceituação do disco, à seleção das faixas, passando pela direção musical e pela concepção dos arranjos”, ele conta, observando que os músicos que participaram do projeto tiveram liberdade para criar e fazer sugestões. “Muitas decisões foram tomadas no andamento das gravações”, conta.

Gravado no ATS Audio Track Studio, de Betim, “Flor de Laranjeira” reúne 13 canções e conta com a participação de músicos com reconhecida atuação em shows e gravações em Belo Horizonte. São eles, Aloízio Horta (contrabaixo), Robert Vinícius e Fernando Bento (cavaco), Henrique Martins (violão de 6 e 7 cordas e arranjos), Ramon Braga (bateria), Rodrigo “Diguinho” Martins e Robson Batata (percussão), Gleison Queirós (trompete), Marcos Flávio (trombone), Sérgio Danilo (sax, flauta e clarineta), Tiago Ramos (sax, em “Samba de Amor”), Nequinho (vocal) e Sérgio Saraiva (acordeom).

“O disco foi todo composto em colaboração. Eu coordenava os arranjos com o Henrique e o Robert e os outros músicos contribuíam com ideias e sugestões. Todos foram muitos solícitos”, explica Nagô, com um exemplo: “A gente fazia uma proposta de arranjo para o saxofonista e ele desenvolvia a sua parte da melodia, afinal é ele quem conhece bem o seu instrumento”. Sobre o processo de construção, o compositor é assertivo: “A música só fica pronta mesmo quando a gravação é finalizada. Até o registro final, ela pode ser trabalhada, redefinida”.

Flor de Laranjeira  traz uma rica variedade de temas e ritmos, muito bem sequenciados em 13 momentos: há, entre outras cadências, forró (“Flor de Laranjeira”) samba romântico (“Samba de Amor”), samba gafieirado (“Como Um Rio”), partido alto (“Embala Eu”, “Vou pra batucada”), samba de terreiro (“Capoeira Valente”), sambaião, samba com xote. É nessa diversidade que Márcio Nagô mostra seu talento como compositor e cantor e também sua maturidade como artista: embora diferenciadas e produzidas colaborativamente, as canções possuem a marca indelével de seu autor e intérprete.

Inspiração e método

“Acho inspiração em qualquer coisa, numa conversa, numa notícia, numa imagem, numa lembrança. Tudo me move. Não tenho uma fórmula ou fórmulas para escrever uma canção. Cada uma surge de um jeito. “Samba de Amor”, por exemplo, nasceu pronta: um dia, acordei com melodia e letra ‘na ponta da língua’”, diz. Para ele, é a inpiração que rege inicialmente o trabalho de criação e não um método. O compositor conta também que muitas vezes compõe já pensando nos arranjos e que a criação é um ato de prazer, nunca de obrigação.  

Uma ausência em seu vasto repertório são as canções em língua estrangeira. “É por causa do meu apego, o meu amor à palavra”, justifica. Por não falar outro idioma, o interesse por canções estrangeiras não é muito incisivo.

 

Ao som dos tambores

Márcio Roberto Ferreira Lima é natural de Brumadinho (MG), onde, ainda garoto, tomou gosto pela música, primeiramente os sons dos tambores. “Cresci no congado. Lá pelos seis, sete anos, era fascinado pela dança e pelo ritmo. Aos 10 anos, passei a aprender capoeira, que combina música dança e canto”, conta, lembrando que seu primeiro instrumento foi o  pandeiro. Ao mesmo tempo, descobria os discos de música brasileira de seu pai: cresceu ouvindo Almir Guineto, Martinho da Vila, Bezerra da Silva, Zeca Pagodinho, Agepê, entre tantos outros sambistas, além de Gilberto Gil, João Bosco, Caetano Veloso, Gonzaguinha e, claro, o Gonzagão. Das canções veio o gosto pela poesia. “Comecei a escrever aos 13 anos. Gostava muito de ler, mas, curiosamente não tive nenhuma influência em particular de um poeta ou um escritor”, afirma.

Além de treinar capoeira, Márcio Nagô (que signfica ‘caminho’ em Yorubá) conheceu a tradição e o cotidiano dos quilombos, outra forte presença na sua formação musical.

No ritmo do pandeiro

Márcio Nagô se lembra bem: as primeiras músicas surgiram em 1999. “Comecei a compor usando o pandeiro como instrumento. Passei a usar instrumento harmônico em 2001, depois de aprender a tocar cavaquinho.  Nessa época eu sabia da minha limitação com o instrumento, então eu fazia a toda a música primeiro; aí, sim, partia para elaborar a harmonia”, conta o artista. Em 2002, Nagô conhece o cantor e compositor Fabinho do Terreiro, que o apresenta ao ambiente do samba de Belo Horizonte.

As primeiras gravações

Em 2007 Márcio Nagô lança o seu primeiro trabalho em estúdio, o CD Raiz do Meu Samba, produção independente. “Foi o disco que me permitiu mostrar a minha forma de fazer samba”. Raiz do Meu Samba foi aprovado pelo radialista Acyr Antão, que tocou o disco em seu programa na Rádio Itatiaia.

O trabalho em estúdio abriu uma nova trilha para o compositor, que tinha uma série de canções prontas mas ainda dispersas. “A minha carreira começou mesmo, efetivamente, na realização desse primeiro disco. Até naquele momento, eu tinha dificuldade em fazer samba romântico, samba de terreiro, partido alto. Não sabia como juntar todas essas vertentes num mesmo lugar”, analisa. Durante as gravações o artista foi conhecendo os recursos de um estúdio e descobrindo as maneiras de como tornar uma ideia musical, uma letra e uma melodia, em um produto sonoro, uma faixa completa e finalizada - uma música para ser reproduzida em aparelhos eletrônicos.

No ano seguinte, Nagô conheceu uma outra atividade do universo dos sambistas ao ser convidado por Serginho Beagá para atuar como puxador de uma escola de samba, a Império da Nova Era. O cantor lembra que  naquele carnaval a escola apresentava um enredo de autoria de Décio Noviello.

O segundo disco começou a ser gravado em 2012, seguindo o mesmo processo do primeiro, “na cara e na coragem”, ressalta Márcio. O trabalho, A Caminho do Mar, que conta com colaborações de Serginho Beagá, Mandruvá, Black Pio, entre outros, ficou pronto em 2014. A Caminho do Mar, como sugere o título, é uma reflexão musical sobre nossos antepassados, nossas raízes e heranças.

Agora, com Flor de Laranjeira, Márcio Nagô se apresenta como um artista consciente de sua fértil produção musical, dos caminhos que pretende trilhar e da qualidade de suas canções. Que as plateias conheçam o Nagô!

Foto: Vitor Maciel

Siga o artista nas redes sociais:

Facebook:  www.facebook.com/nagomarcio

Instagram: www.instagram.com/marcionagooficial/

Em todas as plataformas digitais, lançamento no dia 4 de setembro:

https://backl.ink/142821483

Youtube: www.youtube.com/channel/UCxzxv-sjKNAvr4cnnN1z_yA

Assessoria de Imprensa

Luciana Braga

31 98742-9632

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!