Por Vinícius Silveira
Alô amigos da Rádio Barreiro! Confesso aos amigos leitores que não tive graça para escrever e muito menos falar de futebol nesses últimos dois dias. Para falar sobre um assunto tão complexo, é necessário que se tenha ciência de tudo o que passa para não dar informação errada. De minha parte, não tive cabeça e nem coração para comentar sobre o assunto que chocou o Brasil e o mundo.
Quando ouvi a notícia via WhatsApp e, posteriormente, no Twitter, que o avião que levava a Chapecoense para a Colômbia caiu, perdi o sono na hora. Ao invés de tentar dormir, passei a madrugada inteira ouvindo a Rádio Caracol, que fica na Colômbia até sair a notícia que chocou a mim e a todos no mundo todo.
Naquele avião, além da Chapecoense e toda a delegação, haviam convidados da agremiação e colegas de imprensa. Conheci de perto alguns deles, casos dos amigos do canal fechado Fox Sports. Ao saber que eles também haviam falecido, fiquei ainda mais despedaçado.
Outro dia, disse a alguns amigos, e repliquei em uma postagem em meu perfil no Facebook (por sinal, a única sobre o assunto), que o futebol brasileiro precisava de um fato novo. Algo que se pudesse olhar, analisar, tomar como referência e abraçar com carinho. Esta novidade era a Chapecoense. Um time novo, 43 anos, mas que está na 1ª divisão brasileira há apenas três temporadas, encantando muita gente e ensinando muitos clubes o que é gerência esportiva.
A camisa verde e branca da Chapecoense foi ganhando espaço e respeito num futebol que cada vez mais privilegia os grandes clubes. Foi descoberto algo novo, e a Chapecoense virou a Chape ou Chapeterror, o maior verdão do Brasil. O Índio Condá passou a ser conhecido.
No entanto, assim como o sonho cresceu, ele se desfez com a queda do avião que levava a delegação da Chapecoense, matando 71 pessoas. A maioria delas, jogadores, comissão técnica e funcionários da Chapecoense.
Após este desastre, as pessoas passaram a se consolar, os clubes de futebol do Brasil deixaram a rivalidade de lado e vestiram-se de luto em nome da Chapecoense. Além disso, as agremiações tomaram atitudes nobres como ceder jogadores de graça para a próxima temporada e pedir a CBF para que a equipe tenha permanência fixa na Série A por três anos seguidos.
Fora do Brasil, o Atlético Nacional-COL solicitou a Conmebol que cancelasse a final contra a Chapecoense e a declarasse campeã da Copa Sul-Americana por aclamação. Os clubes europeus, jogadores e torcedores externaram a sua tristeza e ofertaram palavras e gestos de carinho.
Para deixar nossos corações ainda mais saudosos, um encontro de torcedores no Estádio Atanásio Girardot, em Medellín-COL, e Arena Índio Condá, em Chapecó, no horário em que a partida Atlético Nacional x Chapecoense estava programada para acontecer, causou lágrimas e emocionou a todos os presentes e também aqueles que acompanharam pela televisão.
Tudo isso não se vê no futebol atual, onde prevalecem a concorrência, o dinheiro e a vitória dentro e fora de campo a qualquer custo. Precisou-se de que acontecesse uma tragédia para tratar o futebol com mais humanidade.
Enfim, palavras e desabafos a parte, vamos abraçar a Chapecoense e nos vestir de verde e branco, porque, todo mundo, no fundo do coração, é um pouco Chapecoense.
Força, Chape!