Por Vinícius Silveira

A notícia de que o goleiro Bruno Fernandes foi anunciado como jogador do Boa Esporte movimentou a crítica esportiva e social nesta sexta-feira (10). O jogador acertou por dois anos. A contratação ocorreu 14 dias após a liberação do atleta pelo Ministro Marco Aurélio Mello. Bruno acompanhará seu caso em liberdade. O arqueiro cumpriu apenas sete dos 22 anos a que foi condenado pela morte da atriz Elisa Samúdio, ou seja, 1/3 da pena.

Não estou aqui para condenar ou absolver o goleiro Bruno. Quem deve fazer isso é Deus, e da sua justiça, ele não escapará. No entanto, analisando os fatos, o Bruno, nada mais é que um "beneficiário" de uma lei falha, que liberta um condenado com 1/3 da pena cumprida. Só no Brasil existe isso!

Quantos assassinos, sequestradores, estupradores, entre outros, se beneficiam de uma lei que não regenera e não pune ninguém. O Bruno é só mais um, e no papel, esta justiça é a mesma que pune um goleiro do Flamengo, ou um Zé das Couves que roubou para comer. 

Como todo condenado, ele tem direito ao trabalho e recomeçar a vida. O certo seria que Bruno cumprisse toda a pena que lhe foi imposta, mas a realidade é diferente.

O Boa Esporte teve muita coragem ao abrir as portas do clube para um jogador recém-saído da prisão, e que ainda não sabe de seu destino. Maior coragem ainda o time boveta terá ao encarar as críticas que lhe cairão sobre as costas, e que poderão ser penosas em diversas esferas.

O Bruno ainda vai encarar as maiores penalidades, como a opinião pública, a divisão dos torcedores, a cobrança do clube que, querendo ou não, exigirá dele o mesmo goleiro que fez sucesso na década passada como resposta pelo investimento.

Não sou eu, nem você, nem fulano, beltrano ou ciclano que poderá julgar o Bruno por querer recomeçar sua vida pessoal e profissional. Muito menos por ser mais um a se beneficiar de um sistema falho e deficitário. 

Todos nós devemos cobrar da justiça, que nos premia com decisões imbecis e que deixam a sociedade a mercê de futuros bandidos que não terão qualquer receio do que virá pela frente caso seja condenado.

Ver uma pessoa que cometeu um crime se beneficiar deste sistema causa indignação. O futuro é incerto para a justiça brasileira, para a sociedade e, porque não, também para o Bruno.

Foto: Divulgação